A chegada e a despedida do meu pet…

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mel-3(Autoria: Maria Fernanda)

A Mel chegou pedindo muito, pouco, mas o que pedia valia um tantão, afeto, carinho, esses ingredientes que aparecem na vida da gente através de tantos meios mas, o  pedido dela era diferente, ficaria por ali, ofertando amor “para sempre”, afinal, um pet não vai embora, não desiste diante das dificuldades, não liga para o desconforto que possa aparecer, não pergunta se temos dias bons ou ruins, permanece ali, ao lado, sempre….talvez esse seja um dos pontos que traz esse amor imenso, fidelidade a quem o ama, porém, como todos nós, também está aqui de passagem e deixa saudade dos latidos e das brincadeiras, a mesma saudade que nos ajuda a manter aqui quem não está…
“Mel, eu nunca vou esquecer do dia em que você chegou em casa. Lembro de te trazer no colo no trajeto de carro, você tão pequenininha e chorando por achar tudo aquilo desconhecido. As primeiras noites foram difíceis, você choramingava… mas, não demorou até que se acostumasse. Cercada de muito carinho, muitos mimos e muitas investidas, logo você fez da nossa casa a sua, e preencheu um lugar que era tão seu que parecia que sempre esteve ali. Até meu pai, que antes não gostava nada da ideia de atender meu pedido de ter um cachorro, não resistiu a você e logo te colocou na cama pra dormir com ele e com minha mãe, hábito esse que virou um costume o qual você levou por toda a sua vida, dizíamos que você era a caçulinha da casa e era tratada como uma mesmo, se é que não tinha um tratamento ainda mais privilegiado que nós todos! Mas não tinha jeito, ninguém resistia a você, aos seus olhinhos tão redondinhos, ao costume de virar de barriga para cima sempre que queria carinho…
Foram anos e anos de vida com você, de cuidado e de ternura nos pequenos momentos do cotidiano. Depois dos 10 anos mais cheios de amor que essa casa já vivenciou, você já não era mais a mesma, começou a ter diversos problemas de saúde e já não tinha mais a disposição de antes. Nós lutamos por você o quanto pudemos, Melzinha, você sabe disso mas, infelizmente, sua missão já estava completa. Você morreu na clínica veterinária, sem nenhum de nós ao seu lado. Fico me questionando sobre o que você pensou no seu último suspiro. Será que se perguntava onde nós estávamos? Por que você estava sozinha? Essa dúvida é uma dor sem fim que carregamos, e talvez sempre carregaremos. Quando chegamos na clínica, estava você numa maca, deitada e já sem vida, mesmo assim, eu me despedi de você, te abracei e te beijei como se você ainda estivesse me ouvindo. Meu pai, o mesmo que tentou resistir aos seus encantos quando recém-chegada em nossa casa, chorava debruçado sobre você, chamando de “minha filhinha”. Que dor, meu Deus, ver o seu corpinho ali gelado, pensar que nunca mais sentiríamos o calor do seu aconchego, o seu latido, os pedidos pra brincar.
Voltar pra casa e ver o tapetinho da escada, onde você costumava dormir, vazio. Ver os seus brinquedinhos espalhados pelos cômodos. Sua caminha. Olhar para cada canto desse lugar e sentir que faltava alguma coisa. Foi, sem dúvida, uma das piores (se não a pior) dores que já senti em toda a minha vida. Hoje já convivemos mais em paz com a sua passagem, mas a saudade não nos deixa, nunca. Vez ou outra me pego pensando onde você está. Se ainda sente nosso amor. Se sente saudade como nós. São dúvidas com as quais convivo amigavelmente, porque elas ajudam a te manter viva em meu coração. Aliás, você nunca vai morrer em nossos corações, Melzinha. Enquanto houver amor, você estará conosco.”

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