A filha que volta para casa, a mãe que espera. A chuva, o adeus. Os pais, a irmã, a família, a dor e a saudade. “Filha, vá para a luz”, o amor se encarregando das palavras de acolhimento na despedida. Giuliana fica, no amadurecimento dessa dor, nos lugares para a existência da filha, na saudade como oportunidade, “quando amadurecemos a perda e aprendemos a lidar com ela em nosso interior, a saudade deixa de ser uma coisa ruim, passa a ser uma oportunidade de lembrar de quem foi e continua sendo importante em nossas vidas. Na falta, o conforto de tudo o que viveram, a memória, a alegria, a presença de Giuliana, afinal, “a gente não morre, só fica invisível”.
(Autoria: Lani Goeldi)
“Giuliana deixa um vazio imenso que jamais será preenchido, mas deixa também um legado e um alento, de que enquanto houver alegria ela estará sempre ao nosso lado”
Giuliana Goeldi, nasceu em Taubaté-SP no dia 03/01/1991. Aprendeu com sua avó paterna Alice, o gosto pela leitura e pela história, era ela que sempre ia lhe buscar na escola e parceira em suas brincadeiras.
A paixão pela fotografia a levaram a escolher o curso de comunicação social, na área de Jornalismo, lá conseguiu estagiar no departamento de fotografia desde o primeiro ano o que a levou a buscar um intercâmbio no Canadá. Em sua bagagem vieram muitas fotos e este rico material a incentivaram a escrever sua monografia de graduação intitulada “Olhares estrangeiros sobre o Canadá”, dando origem a sua primeira publicação.
A paixão pela arte veio através de sua mãe, e assim participou de projetos junto a várias unidades da Caixa Cultural e Correios. Idealizadora do Projeto Arte Postal – lançado em junho de 2013, compondo uma coletânea de 37 postais de vários pontos turísticos da cidade de Taubaté.
Adorava esportes, churrascos, música, viagens e tudo que a deixasse feliz. Porém, no dia 25/10/2018, quando voltava do trabalho para casa, sofreu um acidente fatal na Rodovia Pedro I, não conseguindo escapar de uma aquaplanagem. Deixou sua irmã Giovanna, sem o seu sorriso companheiro, sua família desolada e as homenagens dos amigos chegam até hoje de diversas maneiras. Em toda sua jornada nunca deixou de praticar esportes e de fotografar, suas duas grandes paixões depois de sua família e do gatinho Theo.
Giuliana deixa um vazio imenso que jamais será preenchido, mas deixa também um legado e um alento, de que enquanto houver alegria ela estará sempre ao nosso lado.
Para mim ela somente deixou de viver comigo, mas começou a viver dentro de mim, nossos diálogos são telepáticos e constantes recheados de amor e esperança na certeza que um dia vamos nos reencontrar.
Nesta fase de tantas perdas e depois de mais de dois anos que minha filha Giuliana voltou para casa, conforme suas últimas palavras para mim, quando naquela manhã estava saindo de Presidente Prudente e me disse pausadamente, como eu nunca tinha ouvido antes: ” Mãe (pausa), hoje eu estou voltando pra casa….” Por instantes eu estranhei, mas senti o verdadeiro significado horas depois.
Busquei as informações sobre o acidente, e consegui através de um policial rodoviário. “Infelizmente ela veio a óbito” Joguei o telefone, chorei, gritei e nada mais vi…. desmaiei.
Acordei horas depois com ela me chamando: “Mãe!!!!!” E eu no meio daquele sono ou sonho, só mentalizei: “Filha vá para a luz….”Foi assim, minha despedida…
“Filha vá para a luz…. foi assim, minha despedida… A gente não morre, só fica invisível“
As pessoas começaram a aparecer…. Abraços, palavras de consolo, doze coroas de flores, e tantas pessoas que nem me lembro onde eu estava. Não consegui olhar muito tempo pra ela deitada ali, onde parecia estar dormindo.
Rezaram, e eu antes de fechar o caixão só consegui dizer uma frase que ensinei a ela quando tinha apenas 04 anos: “! A gente não morre, a gente só fica invisível” e, assim, o caixão se fechou.
E um novo aprendizado iniciou para mim e todos da minha família. A perda de quem amamos nos faz compreender o verdadeiro significado de saudade. Mesmo sendo espírita, para mim, eu ainda estava em estado de choque, sem choro e como se eu estivesse suspensa do chão.
Um dia sonhei, e tudo ficou mais claro, mais brando e mais leve.
Quando amadurecemos a perda e aprendemos a lidar com ela em nosso interior, a saudade deixa de ser uma coisa ruim, passa a ser uma oportunidade de lembrar de quem foi e continua sendo importante em nossas vidas.
Até hoje falo com ela, converso sobre tudo, eu ouço a resposta às vezes, mas a dor se transformou em uma saudade boa, um limite de véus brancos que, se nos acostumamos a ouvir os sinais, não existem separação.
Minha vida hoje tem outros valores, meu trabalho me ajuda demais, estou sempre ocupada e faço tudo como se ela estivesse dando sua opinião a respeito (ela gostava disso).
Aprendi muito com ela nestes 28 anos de convivência e sei que ainda tenho que continuar a minha jornada até quando Deus permitir o nosso reencontro.
Tenho sede de aprender e realizar e talvez seja essa a chave que utilizei para vencer o luto terreno e embarcar na busca do aperfeiçoamento espiritual da roda da vida: Umas vezes aqui, outras lá.
“Aprendi que a saudade não precisa doer, ela é o encontro de nosso espírito com a parte da outra pessoa que ainda vive dentro de nós.”
Aprendi que a saudade não precisa doer, ela é o encontro de nosso espírito com a parte da outra pessoa que ainda vive dentro de nós.
As perdas são difíceis em todos os sentidos, mas, se soubermos lidar com elas, encontraremos conforto mesmo em meio a falta.
Em sua homenagem criei este site: wwww.giuliana.goeldi.com.br
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