Filho, a saudade é forte demais, mas o amor é maior

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(Autoria: Priscila Soares, mãe eterna do Victor)

As despedidas sem aviso que tiram o chão, o celular esquecido em algum lugar, a dor imensa nas roupas que vestem a alma e atordoam a  escolha da última roupa, a visita ao IML esperando o filho que será carregado para sempre nos lugares do coração… a dor, em todas as tonalidades possíveis e, a única certeza, o amor não finda, nunca…

“Um ano da sua partida filho, não foi fácil e não vem sendo nada fácil, olho para trás e não sei como sobrevivi a tamanha perda e tamanha dor. Dia 01/10/18, uma segunda-feira, como de rotina fui trabalhar e não me despedi de você, não te dei um beijo e nem dei tchau, naquele dia você não teve aula e preferi te deixar dormindo tranquilo. No final de tarde, chegando perto de casa vejo muitas pessoas na rua, parei de longe olhei e continuei meu caminho, mas um senhor me para e diz, “sua família toda está ali…”, retornei para saber o que estava acontecendo, vejo meu filho no chão, inconsciente, estavam fazendo massagem cardíaca, achei que havia caído de bicicleta, como já havia acontecido uma vez, na mesma rua, mas não, para meu desespero ele não respondia. Fiquei esperando por socorro, enquanto isso eu pedia, clamava a Deus pela vida do meu filho, nessa espera tentei saber o que havia acontecido, os amigos que o acompanhavam me falaram que ele estava jogando bola, parou para descansar, sentou, e quando levantou para ir embora, deu tchau e desmaiou, inconsciente, achei que ele teria sofrido um infarto, depois de um tempo chegou o socorro, uma ambulância, duas ambulâncias, três 3 ambulâncias. Fizeram os procedimentos, mas meu filho não respondia, mas não me falaram em óbito naquele momento, talvez para me poupar ali mas, mesmo assim, eu tinha esperança. Saímos dali e fomos para o UPA mais próximo, meu filho em uma ambulância e eu em outra, sirene desligada, ainda assim a esperança, ao chegarmos pediram para que eu esperasse do lado de fora porque eu estava muito nervosa, enquanto meu cunhado, (padrinho dele), entrou junto, fiquei ali, esperando notícias, com mãos e pés formigando de tanto nervoso, até que meu cunhado sai com uma expressão nada boa , pedindo que eu ficasse calma, em seguida saem os socorristas, sem coragem de me olhar, mas consegui ver a tristeza delas, após, a médica me chama e me dá a pior notícia a notícia que nenhuma mãe deveria ouvir, “fizemos de tudo, mas ele não resistiu…”
Na verdade, não tinha o que ser feito, meu filho já chegou em óbito, foi descrito depois no laudo. Meu Deus, meu mundo acabou ali, eu morri junto, uma dor na alma, imensurável, uma dor sem explicação. A médica perguntou se eu queria vê-lo, claro que sim, entro e vejo meu filho todo roxo, que tristeza, quanta dor. Ali permaneci até o carro do IML chegar, perguntas me vinham – por que ele? por que tão cedo? por que comigo? Ali tive sentimentos de dor, revolta, raiva, tristeza e até culpa. Permaneci muito tempo com ele, até que o carro do IML chegasse, depois de tudo resolvido fomos para casa e chega a pior hora, de escolher a roupa para meu filho, talvez não tenha escolhido a roupa que ele gostaria, mas não tive cabeça para ficar pensando em qual roupa vestir nele. Separo a roupa e vou para a delegacia fazer o B.O., procedimento necessário quando falece na rua.
Retorno ao IML, para reconhecimento do corpo, antes disso a atendente me entrega um pacote lacrado, o celular dele, havia procurado tanto, no meio de tudo acabei esquecendo. Chega a hora de reconhecimento do corpo, fui, na inocência de que veria meu filho como vi na rua, mas não, a sensação que tive é que judiaram do meu filho, quem é mãe vai me entender por mais que não tenha passado por isso, ali foi a pior cena de todas que vi, meu coração partiu em mil pedaços, até hoje não consigo falar dessa cena sem chorar, que tristeza, que dor, minha vontade era tirá-lo daquele lugar e pegar no colo. Volto pra casa sem ele, tomo banho e vou para a capela aguardar a sua chegada…
Após três meses do seu falecimento tive o laudo, EDEMA AGUDO DO PULMÃO, consequência de uma ARRITMIA, processo em que o coração não consegue bombear o suficiente e manda sangue para o PULMÃO, confesso que tem dias, como hoje, em que é muito difícil, passa um filme na cabeça com todos os momentos daquele dia terrível, dias em que precisava do seu número, onde estiver, para pelo menos ouvir sua voz. A sua partida foi rápida e prematura, isso causa mais dificuldade na aceitação e entendimento, custa acreditar que já passou um ano, tempo em que tive que aprender a lidar com a dor. Um ano se passou e outros virão sem você aqui. É difícil reaprender a viver, mas pensar que você está em paz, em um lugar cheio de luz e com sua alma serena, na companhia do Vô Polaco, me traz alguma tranquilidade para seguir com a vida. A saudade que sinto de você é forte demais, mas o amor que sinto é ainda maior… #meueternomenino #meueternogigante #meufilhoamado Saudades sem fim, amor além da vida, te amo e te amarei eternamente. Até breve

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