Meu filho, cantarei sempre para você dormir, minha eternidade…

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Não há despedida possível para um bebê que chutou a barriga e segurou nas suas mãos para andar, não há despedida para as cantigas de ninar ou para a torcida no jogo de futebol, esse amor acompanhará todas as coisas que João Pedro amava –  o sol, o mar, a areia, os filmes e as músicas – viverá, eternamente, o corpo se despedirá, mas o amor é infinito, todas essas delicadezas farão moradia, eternamente, no coração de uma mãe…

(Autoria: Denise, mãe eterna do João Pedro)

Sou Denise, mãe da Amanda e do João Pedro. Meu filho partiu em um dia 17, desde então, tenho feito publicações que resolvi reunir num blog.

“Quatro anos atrás eu recebi a notícia da morte cerebral do meu filho e que só restaria esperar o coração dele parar de bater, foi quando eu comecei a me despedir dele, algo impensável num coração de mãe. A ordem natural da vida foi invertida. Logo após receber a notícia, a médica, insensivelmente, começou a desligar as medicações e aparelhos na minha frente, não compreendo o porquê dessa atitude, entendo que foi uma total falta de preparo. Eu, em choque, nem consegui reagir, não tem porque aumentar a dor dessa que é a maior dor do mundo. Meu filho, o bebê que chutava dentro da minha barriga, que segurou na minha mão pra aprender a andar. Meu filho, que carreguei no colo e para quem eu cantava para dormir, que queria brincar de luta. Meu filho, para quem torci em tantas partidas de futebol e com quem vibrei em tantos jogos vitoriosos e consolei nas derrotas. Meu filho, que gostava de sol, de mar e de fazer castelos de areia. Meu filho, que gostava de filmes e de música, que sabia o que queria e principalmente o que não queria. Meu filho, tão cheio de vida…Como assim? A sua vida indo embora, sem mais e nem menos… de repente. Naquele momento, só restava esperar o seu coração parar de bater, coração valente que bateu ainda por mais dois dias…Ainda hoje às vezes parece que não aconteceu. Como gostaria de acordar e perceber que tudo foi apenas um pesadelo, que a minha vida estava como era, infelizmente, isso é impossível.

Carta para João Pedro
Meu filho querido,
Eu sabia que eu o amava, mas eu o amo muito mais. Há uma canção que diz: “prova de amor maior não há que doar a vida a um irmão”, se eu pudesse eu daria a minha vida a você, teria dado a minha vida. Penso em você a cada instante, em todo lugar.
Queria poder ter um dia a mais para passear com você, vermos filmes, andar com a Meg, cantarmos juntos, sorrir com o seu sorriso maroto, sentir toda a sua alegria novamente. Queria mais uma vez abraçar você, apertar suas bochechas, segurar suas mãozinhas quentes para matar a saudade enorme que você deixou. Saudades de você em cada canto dessa casa. Sua presença continua em cada canto. Parte da alegria da nossa casa se foi. Tudo ficou mais triste. Descubro cada vez mais o quanto você é especial. Sempre disse e direi que o amo. Meu filho, aprendi tanto com você e ainda aprendo. Você viveu intensamente esses doze anos e meio conosco, tantas lembranças, tantas alegrias que vivemos juntos agora são recordações. Não sei se fui a mãe que você merecia ter, mas sempre tive muito orgulho de você e da sua irmã. Vocês foram e são a melhor parte de mim. E agora, esta convivência arrancada tão subitamente. Nunca estamos preparados para isso, aliás, nunca sequer passaria a ideia de você partir antes de mim. Não sei se posso falar em partida, pois você sempre estará comigo, no entanto dói , lateja imensamente o meu coração . Dizem que é a “maior dor do mundo” e deve ser.
Sei que tenho um caminho pela frente nesta vida, não sei se longo ou curto. As incertezas são maiores, depois do que aconteceu, no entanto, sei que cada dia será repleto de saudade… Rogo a Deus que continue velando por nós. Minha esperança é o dia em que possamos nos encontrar novamente e que parte de mim que se foi venha me completar outra vez, que minha vida possa ser plena novamente.”
Para todo e sempre,
Sua mãe
(Essa foi a primeira carta que escrevi para o meu filho, em setembro de 2016. Ela foi lida na missa de um ano de falecimento do João Pedro)

https://publicacoesdodia17.blogspot.com/

2 Comentários

  1. Eliana de Alencar Jabur Sehn

    De extrema sensibilidade e delicadeza os textos postados aqui. Minha mãe partiu há 2 meses, meu pai há dois anos. Saudades eternas, dor profunda e ainda um questionamento que persistirá em minha mente e coração .

    • Sentimos muita por sua perda, Eliana…agradecemos o retorno carinhoso!

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