(Autoria: Suzala, mãe para sempre da Maria Flor)
A Maria Flor foi sonhada e esperada, tudo arrumado para sua chegada, “quarto, coração e vida”, porém, com 34 semanas, no dia 14/12/18, virou luz, deixou tanta dor que sua mamãe, Suzala, fez uma página no instagram, onde relata seu processo de luto, criando caminhos para que essa dor não ficasse trancada e adoecesse. Os dias foram dizendo que acordar já era muita coisa, escovar os cabelos e os dentes outro grande passo, os dias foram dizendo que ela e o pai de Maria Flor seriam pais no presente, hoje, amanhã e depois e depois, seriam pais de sua pequena eternamente… a ausência da filha, física, e a presença, no coração, pediu que aceitassem “uma vida que jamais voltará a ser igual” e trouxeram a compreensão que “perder um filho é desafiar o tempo“. Partilho com vocês essas ternas e profundas aceitações dos pais de Maria Flor Araújo Reis, até sempre Maria Flor.
1. Uma das primeiras coisas que aceitei é que minha vida jamais voltará a ser igual. Eu sou uma pessoa marcada pela minha filha, pela presença e ausência dela e isso é algo que é fato, que é real. Aceitar isso me libertou da nostalgia que eu sentia de quem eu era antes e abriu espaço para que eu ame, à cada dia, quem eu sou hoje.
2. Outra coisa que aceitei é que as situações não são sentidas por mim da mesma maneira, o peso das coisas mudou na balança da vida e aqui estamos nós dando importância a uns fatos e descartando outros milhares, porque entendi finalmente, que algumas coisas simplesmente não merecem minha atenção.
3.Aceitei também que tem gente boa no mundo, gente que procura ser melhor à cada dia, gente que vale a pena ter por perto, e por outro lado, gente que é o que é, egocêntrica e individualista, maldosa e desonesta intelectualmente e que o melhor que posso fazer por minha saúde mental é me afastar.
4.Aceitei que, às vezes, vou chorar em lugares inusitados, mesmo que o dia esteja sendo bom. Não vou me culpar, me desculpar ou me martirizar por isso. Enxugarei as lágrimas e seguirei em frente. Entendi que o luto não é linear e perder um filho é desafiar o tempo, pois as dores podem ir e voltar, não importa se você tem vinte ou cem anos.
5. Aceitei que minha mente deve ser trabalhada todo santo dia e que ao acordar devo repetir a mim mesma que posso ser feliz novamente. SÓ POR HOJE.
6. Aceitei que a maternidade na ausência é feita de mil espinhos, e a gente se fere com todos eles, mas nenhuma dor nos tira a beleza de tantas rosas.
7. Aceitei que falar alivia dores, assim como o silêncio é alívio, a escrita, o canto, a dança, a brisa, o brilho da lua…o mundo te oferece milhões de opções de cura, olhe ao seu redor.
8. Por fim, aceitei que minha jornada às vezes é solitária, mas nunca desamparada. É nos caminhos mais sombrios que eu acendo minhas luzes na fé, mesmo quando demoro horas de joelhos na escuridão. Aceitei que posso duvidar porque sou humana e aceitei que posso crer, pois em mim, brilha uma centelha divina
Corre lá:
@atesempremariaflor
E confortável até saber que o que sinto depois que meu filho foi viver com Deus outras pessoas também vive . não estou só. Temos que segui