“Tudo pelo meu filho”

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“O luto me define”, uma história construída com muito amor e dor.

Rodrigo, Adriana e o amor. Nasce Arthur, prematuro. As previsões sobre a possibilidade da morte desse filho, muitos vídeos gravados, a esperança e a determinação no cuidado com o filho. Arthur, três anos e meio, Rodrigo e Adriana e o alívio, ele se recuperou. Um acidente em 03/04/2013, Adriana permanece em coma, vindo a falecer em 22/07/2014.

Rodrigo segue. Arthur, o amor que precisa de suas mãos, Arthur, o amor imenso que Rodrigo precisa. Nasce o “Tudo pelo meu filho”, onde Rodrigo e Arthur contam sobre essa construção cuidadosa de uma vida que segue com pai e filho.

Os anos passam, construídos a partir da dor, mas entrelaçados no amor. Uma brincadeira de Arthur e chega Karina, respeitando essa história, respeitando as continuidades lentas.

(Autoria: Rodrigo Segantini)

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“Meu filho Arthur nasceu prematuro, com 30 semanas de gestação. Ele ficou seus quatro primeiros meses de vida na UTI, correndo risco de morte. Na verdade, chegamos a comprar o jazigo dele. Seus primeiros anos exigiram bastante cuidado e atenção de mim e de minha esposa Adriana e juntos enfrentamos cada adversidade com esperança e determinação.

Quando Arthur tinha três anos e meio e parecia que tínhamos superado tudo, Adriana sofreu um acidente de carro, o qual a levou ao coma. Porque achávamos que em uma cidade maior haveria melhores cuidados médicos para atender suas necessidades e demandas, ela ficou internada em São Paulo/SP. Enquanto isso, eu me dividia entre ficar com ela no hospital, trabalhar em meu escritório e cuidar do meu filho, no interior do estado. Após um ano e três meses, ela faleceu. Desde então, seguimos eu e meu filho juntos. 

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“Pelo amor ao meu filho, transformei minha dor na força que tinha que ter para seguir em frente.” 

Poderia dizer que o luto me define, que minha vida é sinuosa por ser pontuada por enfrentamento de perdas. Mas isso não seria verdade. Pelo amor ao meu filho, transformei minha dor na força que tinha que ter para seguir em frente. Do luto, fiz minha luta. Em volta do vazio que se abriu em meu coração, fiz um jardim repleto de lindas lembranças e, sempre que visito o buraco imenso que há em minha alma, apesar da dor que isso me traz, sinto muita alegria em encontrar ali tantas boas memórias.

Há algum tempo, conheci Karina. Ela encontrou meu coração estilhaçado e, sem se preocupar com reciprocidade, pegou caquinho por caquinho e foi juntando, tentando remontá-lo. Enquanto segui preocupado em ser o pai do Arthur, Karina foi cuidando de mim. Ela respeita a cicatriz que o luto abriu em mim e se preocupa em cuidar da ferida que às vezes se abre e, quando algum pedaço do meu coração se esfarela de novo, ela busca repará-lo, sem reclamar. Pessoas assim são necessárias para seguirmos em frente. Encontre-as ou permita-se ser encontrados por ela.

                                         

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“Considerando que a morte é como uma amiga cuja visita é indesejada, é melhor recebê-la com gentileza do que destratá-la.”

Muitas pessoas me dizem como superar o luto. O luto é insuperável. Não devemos nos esforçar tentando acabar com essa dor porque ela jamais acabará. O ideal é que aprendamos a conviver com ela. Considerando que a morte é como uma amiga cuja visita é indesejada mas que acontecerá de qualquer forma, é melhor recebê-la com gentileza do que destratá-la.

Para ser sincero, também não consigo encarar a morte e o luto com afabilidade. É um esforço diário, que, de alguma forma, me traz sempre novas lições, as quais tento compartilhar nos relatos de minhas vivências que compartilho com quem me acompanha. Essa talvez seja minha forma de tratar do meu jardim que tenho cultivado no entorno do vazio que há em mim.”

Para saber mais

Insta: @tudopelomeufilho

Facebook: Tudo pelo meu filho

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