(Autoria: Teresa Gouvea)
Tem um desamparo que nos acompanha e nasce de um lugar que ninguém habita, nesse lugar podemos segurar nas mãos de alguém e isso fará com que o sono chegue mas, ainda assim, os pesadelos serão nossos. Amanhecemos com essa sensação de cobertores insuficientes no mundo, de mãos dadas com o medo, esse sentimento que aparece quando o descontrole nos mostra que não podemos controlar tudo, alguns caminhos surgirão sem setas ou placas indicando a direção a ser tomada, alguns caminhos surgirão mesmo que a gente não tenha comprado passagem para essas estações. Nesse frio todo, que seja possível encontrarmos mãos para os caminhos não escolhidos e haja clareza dos desamparos alheios para oferecer nosso colo. Talvez, nos abraços, esteja a paz possível para os dias em que a comida não desce, o sono não chega, a parede parece uma tela passando imagens e imagens do que vivemos e dos não acontecidos… tempo para enxergarmos as flores, o cheiro de café inundar a casa, os lençóis serem esticados, tempo para os vazios virarem luz e habitarem nossos corações, tempo para a saudade se tornar um lugar de encontro…