Filha, não quero deixar de sentir saudades nunca…

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Rosa, a mãe. Amanda, a filha. Única filha, especial, amigas, companheiras diárias de vida. A fé de uma mãe como lugar para a saudade que não cessará nunca, “porque se isso acontecesse teria esquecido minha filha e ela faz parte da minha vida, minha história, minhas lutas e vitórias.” Amanda fica nesse amor imenso que a morte não retira. Amanda fica no rosto e gestos do filho. Assim é, assim deve ser, assim merece ser, para sempre.

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“Amanda foi contaminada com Meningite Viral, um vírus terrível, que age com muita rapidez no organismo, era minha amiga, minha única filha, muito especial.”

Sou a Rosa, mãe de Amanda, recolhida pelo Senhor em 25/04/2022, aos 30 anos. Amanda era filha única, amiga, companheira, conselheira, serva do Senhor, casada, mãe. Deixou um filho, Emanuel, na época com quase oito anos. Era minha amiga, minha única filha, muito especial, nos entendíamos e nos comunicávamos só pelo olhar.

Amanda foi contaminada com Meningite Viral, um vírus terrível, que age com muita rapidez no organismo. Começou a sentir os sintomas por volta do dia 11/03/22, foi internada no dia 14/03/22 e no dia 16/03/22 já estava com morte cerebral. Partiu no dia 25/04/22.

fb_img_1420000558220“Foi terrível, foram 12 dias dentro da UTI. Nos três dias de morte cerebral os órgãos ainda funcionavam, permanecemos ali mais nove dias até sua partida.”

Foi terrível, foram 12 dias dentro da UTI. Nos três dias de morte cerebral os órgãos ainda funcionavam, permanecemos ali mais nove dias até sua partida. Eu pedia à equipe médica que fizesse todo o possível e que o impossível ficaria para Deus pois, saindo dali com vida ou não, eu queria ter a certeza que tudo foi permissão de Deus, que a vontade dEle prevaleceu, porque nada acontece em nossas vidas se Ele não permitir.

Foram doze dias clamando por um milagre, mas infelizmente o dia dela chegou. Pedi muito que Deus me levasse no lugar dela. Nunca entenderemos o porquê, mas aceitamos a vontade Soberana de Deus, porque Ele é o dono da vida e da morte. Tenho a consciência que não a perdi, pois sei que está nos braços do Pai.

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“O processo do luto é devastador, é uma dor imensurável, inimaginável e inexplicável, só sabe quem já passou por esse momento.”

Os dias em que passei na UTI, com uma hora de visita no isolamento, chorava e clamava pedindo por um milagre. Eu sempre dizia para minha filha que estaria com ela até o fim, em qualquer situação, até onde fosse necessário, que não largaria sua mão e assim o fiz.

O processo do luto é devastador, é uma dor imensurável, inimaginável e inexplicável, só sabe quem já passou por esse momento, mas o Deus dos céus vela e cuida de nós. A saudade bate forte, tem dias difíceis, dias mais amenos, são altos e baixos, porém sempre estará ali, aquela saudade enorme.

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“Não quero deixar de sentir essa saudade nunca, porque se isso acontecesse teria esquecido minha filha e ela faz parte da minha vida.”

Não quero deixar de sentir saudades nunca, porque se isso acontecesse teria esquecido minha filha e ela faz parte da minha vida, minha história, minhas lutas e vitórias. Ela é inesquecível, é o amor das minhas entranhas, um amor gerado por Deus, estará sempre  viva em minha memória e no meu coração.

O luto é uma luta, não é fácil, mas consigo prosseguir porque diariamente Deus me dá uma dose de reforço, uma injeção de ânimo em meio à dor, Ele é a minha fortaleza, me renova, me levanta e sustenta a cada dia.

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“Me sinto bem quando uso algo dela, não sofro, fico feliz, parece que tenho um pedacinho dela perto de mim ou em mim e, na verdade, tenho.”

Lido com a saudade de forma transparente, desde o início chorei, e choro sempre que necessário, falei e falo sobre ela sempre, para não adoecer. Tem dias que a saudade bate forte e escorre através das lágrimas.

Eu doei praticamente tudo dela. Fiquei com bolsas, relógios, bíblias e alguns pertences que eu poderia usar. Me sinto bem quando uso algo dela, não sofro, fico feliz, parece que tenho um pedacinho dela perto de mim ou em mim e, na verdade, tenho.

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“Hoje tenho um pedacinho dela aqui na terra, meu neto Emanuel, que é parecido com a mãe em tudo, tanto na aparência como nos comportamentos.”

O sofrimento da saudade é a ausência, não ver, abraçar, beijar, sentir seu cheiro, nunca havíamos nos separado, mesmo casada morava no mesmo terreno. Sinto saudades do seu “bom dia, boa tarde, boa noite”. Sinto saudades quando ligava pra ela e ela só atendia dizendo: “Oi lindinha!”. Sinto saudades de ouvir ela me pedindo: “A benção, mainha!”. Sinto saudades de ouvir: “Tchau mainha, já vou”. Sinto saudades de avisá-la: “Amanda o almoço está pronto”.

Hoje tenho um pedacinho dela aqui na terra, meu neto Emanuel, que é parecido com a mãe em tudo, tanto na aparência como nos comportamentos.

fb_img_14200005407742-1“Costumo dizer, não é falta de fé em Deus, é falta da pessoa que amamos. Minha saudade tem nome, chama-se Amanda Gomes.”

Infelizmente, as pessoas não gostam de ouvir falar sobre o luto, a saudade e a dor que sentimos, acham que já faz tempo, já deveríamos ter “superado”, que temos que ter fé em Deus, que sabemos onde está. A fé não nos isenta da dor, somos seres humanos, precisamos apenas de um abraço, é preciso mais empatia. Costumo dizer, não é falta de fé em Deus, é falta da pessoa que amamos. Minha saudade tem nome, chama-se Amanda Gomes.

Autoria: Rosa Maria Gomes

@rosapazsouza.jesus

@lacoselutos_

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