Um amor imenso, onde o tempo foi aproveitado de todas as formas possíveis, dormindo juntas, brincando, amando, sendo a melhor mãe possível… As perguntas sem resposta e o choro nas madrugadas em que passou no hospital falam desse amor misturado com dor, mas uma mãe não se despede de um filho, “Rafinha continua presente na casa, nas conversas, nas lembranças, e no coração e assim será para sempre”, porque amor não muda de endereço. Assim é, assim deve ser, assim merece ser, para sempre.
“Sempre fomos muitos apegadas, dormíamos juntas todos os dias, parece que já sabíamos que nossa vida, juntas, seria breve.”
“Meu nome é Sabrina, tenho 43 anos e sou mãe da eterna Rafaella. Minha amada Rafinha chegou em uma tarde de primavera, nos trazendo alegria e me tornando a pessoa mais feliz do mundo.
Sempre fomos muitos apegadas, dormíamos juntas todos os dias, parece que já sabíamos que nossa vida, juntas, seria breve. Brincávamos de boneca, esmaltes e maquiagem, sempre vaidosa, alegre, amorosa e muito ciumenta. Tinha um gênio forte como o meu, apesar de fisicamente ser parecida com seu pai.
“Em 12/2020 nosso mundo desabou, em plena pandemia descobrimos que nossa Rafa estava doente e, infelizmente, era um câncer raro e agressivo.”
Com minha filha aprendi o verdadeiro significado do amor, aquele de alma, que arde o peito, que transcende. A alegria em minha vida era constante, era nessas pequenas felicidades diárias que sentia o amor incondicional e verdadeiro.
Em 12/2020 nosso mundo desabou, em plena pandemia descobrimos que nossa Rafa estava doente e, infelizmente, era um câncer raro e agressivo. Foi tudo muito rápido, oito meses entre a descoberta da doença e sua triste partida.
“Passamos por tantos desafios juntas: exames, quimioterapias, agulhadas, consultas, sempre tão difíceis, internações…”
Tantas dificuldades enfrentamos durante o tratamento, a levamos para o melhor hospital do Brasil, passamos por tantos desafios juntas: exames, quimioterapias, agulhadas, consultas, sempre tão difíceis, internações, cirurgias, radioterapias, remédios, imunidade baixa, dores.
Minha Rafinha, sempre com um sorriso no rosto apesar do medo que eu via em seu semblante, afinal, uma criança tão pequena não sabia porque estava passando por tudo aquilo e devia se perguntar, “cadê o parquinho, cadê a pracinha, cadê minha casa, cadê meu bercinho?”
“Me lembro dos meus choros nas madrugadas, pelos cantos do hospital, prometi tantas coisas para a minha filha, mas não deu tempo.”
Minha filha me dava força, todos os dias, para enfrentar todo esse calvário. Corria pelos corredores do hospital, brincava de esconde-esconde. É incrível como as crianças enfrentam tudo com tanta resiliência e eu sempre dizendo, “calma, meu amor, o dodói vai sarar, mamãe está aqui com você!”
Me lembro das minhas orações diárias. Me lembro dos meus choros nas madrugadas, pelos cantos do hospital, as enfermeiras sempre tentavam passar uma palavra de consolo, quantas vezes corria para a psicóloga, tinha dias que só ela me acalmava.
Prometi tantas coisas para a minha filha, mas não deu tempo. A festinha de três anos, conhecer a praia, comprar a mochila da escola.
“Em uma manhã de inverno minha filha partiu, deixando muita dor, minha família destruída e uma tristeza muito grande no coração de todas que a amavam.”
Após cinco meses que minha filha estava relativamente bem, a doença, que era muito agressiva, avançou. Apesar de todo o tratamento, ouvi da equipe médica que não havia mais nada a ser feito pela medicina, teríamos que dar para a Rafa o maior conforto possível. E assim foi feito…
O câncer destrói aos poucos, tira até mesmo nossa dignidade, minha Rafa nunca mais sorriu. Em uma manhã de inverno, dia 30/08/21, minha filha partiu deixando muita dor, minha família destruída e uma tristeza muito grande no coração de todas que a amavam.
Ela partiu antes de completar três anos, aos dois anos e dez meses.
“O luto de uma mãe nunca acaba, a saudade e a dor nunca passam, são permanentes.”
Falar desse processo tão difícil e devastador é tão desafiador para mim. O luto de uma mãe nunca acaba, a saudade e a dor nunca passam, são permanentes.
Não existe nada pior nesse mundo do que a perda de um filho, nada pior que ver seu filho sentir dores, sofrer…o coração dói, rasga. Senti uma raiva tão grande da vida, até mesmo senti raiva de Deus. Tantas perguntas sem respostas! Porque Deus ? Porque?
“Hoje tenho dias de serenidade na saudade, mas tenho também os dias de desespero, tanta vontade de ouvir sua voz.”
Quase um ano e meio sem minha Rafinha, meu raio de sol, minha vida! Meu tudo! Hoje tenho dias de serenidade na saudade, mas tenho também os dias de desespero, tanta vontade de ouvir sua voz, sentir seu cheiro, beijar seu rosto fofinho, cheirar seu cabelo lindo.
Rafa foi uma criança maravilhosa, a flor mais linda do meu jardim, a princesa do meu castelo. Hoje meu conforto é saber que ela não sofre mais, mas como dói a sua ausência física.
“Nosso tempo juntas foi breve, mas intenso. Fui a melhor mãe que poderia ser, cuidei e dei amor até o seu último suspiro.”
Nosso tempo juntas foi breve, mas intenso. Fui a melhor mãe que poderia ser, cuidei e dei amor até o seu último suspiro. Sou grata por ter recebido esse presente tão lindo e abençoado e por ter sido tão amada por ela. Rafinha, continua presente em nossa casa, em nossas conversas, em nossas lembranças, em nosso coração e assim será para sempre.
Hoje vivo um dia de cada vez, o tempo passou, mas meu amor por minha filha não muda. Minha Rafa, você vive em mim minha filha, minha estrelinha mais brilhante, meu raio de sol, vive em cada batida do meu coração. Por amor e honra a você que renasço todos os dias.”
(Autoria: Sabrina Perez)
@sabrinanp
@lacoselutos_
Renascer todos os dias depois que nossos anjos vão embora é a maior prova de amor que podemos dar a eles❣️. Só quem deixou um filho partir sabe a luta e a dádiva que é renascer todos os dias.