Era pra ser uma saída mais cedo do trabalho, o abraço no neto, a espera pela filha. O café, a padaria, o pão. A moto, a negligência, o acidente. Inhanes fala desse amor imenso, eterno, dos vazios que a mãe deixa, no seu jeito tão particular de amar cada uma das filhas. Sim, talvez tenham puxado a toalha e a mesa bagunçada pede tempo para q=o café que não acontecerá mas, também, para todos os cafés acontecidos. Que o amor aconteça nas mesas onde ela ofereceu tanto carinho, porque uma mãe fala do lugar de onde viemos. Não parte. Eurípedes fica, para sempre. Assim é, assim deve ser, assim merece ser, para sempre.
“Próximo do horário da minha chegada, ela preparou um café, e foi na companhia do meu filho ao supermercado buscar um pãozinho para o nosso café da tarde.”
“Minha mãezinha, Eurípedes, partiu em 29/09/2021, aos 55 anos, em decorrência de um triste atropelamento. Tive a mãe mais amorosa, dedicada, zelosa, presente do mundo e isso se estendeu as minhas irmãs (somos em quatro mulheres) e aos netinhos que a transformaram na vovó mais doce que eles puderam ter.
Aquele dia seria mais um dia normal de encontro, bate papo, risadas, nossos cafezinhos da tarde e muito AMOR. Nesse dia, pela manhã, ela me ligou e disse que, após a escola, meu filho Rafael poderia ficar em sua casa, pois ela terminaria seu trabalho mais cedo, (era uma diarista exemplar). Assim fizemos, meu filho Rafael, sete anos, foi para a casa dela e, ao final do meu expediente de trabalho, eu iria buscá-lo. Próximo do horário da minha chegada, ela preparou um café, e foi na companhia do meu filho ao supermercado buscar um pãozinho para o nosso café da tarde.
“No retorno para casa, faltando setenta passos para chegar, ela e meu filho conversando, um motoqueiro que dirigia olhando para trás a atingiu em cheio…”
No retorno para casa, faltando setenta passos para chegar, ela e meu filho conversando, um motoqueiro que dirigia olhando para trás a atingiu em cheio e meu filho foi atingido de raspão. Quando meu filho percebeu a vovó caída no chão, sem responder, pediu socorro. Não houve o que fazer para salvá-la, ela partiu na hora, instantaneamente…
Se foi e nos deixou sem aquele último café da tarde, sem aquele abraço, sem poder dizer te amo Mãezinha, sem ouvir, “também te amo, minha filha”.
“Tudo ficou suspenso no ar, congelado, confuso, sinto como se nossa vida fosse uma mesa de jantar perfeita e a vida tivesse puxado a toalha.”
Ela sempre dizia que éramos um presente na vida dela, mas hoje vemos o quão presente ela é em nossas vidas. Tudo ficou suspenso no ar, congelado, confuso, sinto como se nossa vida fosse uma mesa de jantar perfeita e a vida tivesse puxado a toalha, bagunçando e quebrando tudo.
Não tivemos tempo do adeus, não tivemos o segundo seguinte. O luto se misturou ao sentimento de gratidão pela vida do meu filho que poderia ter tido algo muito sério, além do emocional que ficou destruído, mas perdemos ela.
“Hoje convivo com uma dor aguda. Tem momentos que sinto o cheiro dela e ouço sua gargalhada inigualável, nas coisas mais bobas.”
Hoje convivo com uma dor aguda. Tem momentos que sinto o cheiro dela e ouço sua gargalhada inigualável, nas coisas mais bobas, pego o telefone pra contar pra amiga mais incrível que tive!
Dor que dilacera, saber que não vai mais atender dizendo, “oi filha querida?!?!” Ela tinha um jeito particular de amar cada um de nós, isso é algo só dela, que se foi também! Sigo aqui tentando ser o que ela foi, a melhor mãe do mundo, e acreditando no nosso reencontro na glória do Senhor! Nosso amor é além desse mundo, nosso elo é eterno, sei do lindo lugar que se tornou sua morada, mas ficar sem a sua presença física é muito difícil e doloroso.”
(Autoria: Inhanes Almeirda)
@inhanes
@lacoselutos_