Michelle e Emanuel e a certeza desse amor, feito a intimidade do beija-flor que pousa na flor, sem necessidade de explicações, ali sempre estiveram e estarão. Sim, Michelle, a despedida de um filho é algo mais forte que você e a única forma de lidar com a saudade é mantendo o sol aí dentro, o amor pelo Emanuel. Assim é, assim deve ser, assim merece ser, para sempre.
“Seu jeito agradável e metódico, seu sorriso largo, dos olhos “rasgados”, fazia com que todos se aproximassem.”
Sou Michelle, mãe do anjo Emanuel, nascido em 12/03/2005. Ele se foi num sábado, dia 03 de outubro de 2020, aos quinze anos de idade.
Emanuel é aquele que deixou todos órfãos, sua partida precoce nos fez enxergar o quanto todos nós dependíamos dele, mesmo tão jovem ele cuidava de tudo e de todos com Amor e exatidão.
Seu jeito agradável e metódico, seu sorriso largo, dos olhos “rasgados”, fazia com que todos se aproximassem. No condomínio, empurrava o carro para o vizinho, subia compras para senhora, brincava na quadra com as crianças, lia a Bíblia para a irmã.
“Naquele sábado fazia sol lá fora e aqui dentro fazia ainda mais. Éramos felizes e sabíamos.”
Meu filho cozinhava perfeitamente bem, amava futebol, além de ter cursado até o segundo ano no colégio militar. Hoje a quadra do condomínio tem seu nome. Foi uma homenagem que o síndico e todos os moradores fizeram para ele.
Naquele sábado fazia sol lá fora e aqui dentro fazia ainda mais. Éramos felizes e sabíamos. Vivemos com intensidade tudo que esteve ao nosso alcance, até que um bêbado, vindo de uma festa, avançou o sinal vermelho em alta velocidade e atingiu o veículo que meu filho estava. Emanuel morreu na hora.
“Todos os dias preciso encontrar mecanismos para algo que é bem mais forte que eu. Eu lido com a saudade mantendo Emanuel vivo.”
O caso se encontra no STJ, eu busco a justiça desde então com manifestos, projetos e afins, para que o autor deste desconsolo pague pelo crime cometido. Para que nenhuma outra mãe feche o caixão de seu filho como eu fechei do meu.
Todos os dias preciso encontrar mecanismos para algo que é bem mais forte que eu. Eu lido com a saudade mantendo Emanuel vivo. É um prazer poder externar sua linda e intensa história. Seus áudios dizendo que me ama, seu cuidado em me chamar de rainha, de mamãe, seu senso de humor ligeiro, tudo isso tem sido o combustível para meus dias cinzas.
“Eu não divido o Emanuel, eu multiplico o Emanuel.”
Eu não divido o Emanuel, eu multiplico o Emanuel, porque quanto mais eu o apresento, mais vidas são transformadas através dele. Emanuel é vivo demais para morrer!
Ele me chamava de flor e eu o chamava de beija-flor. Então nossa canção sempre foi “flor e o beija-flor”. Principalmente na parte que diz “e a flor conhece o beija-flor, e ele lhe apresenta o amor, porque foi isso que Emanuel me fez. Eu achava que sabia amar, mas foi no parto, naquele encontro às cegas, que eu tive certeza que havia encontrado o amor da minha vida!
Autoria: Michelle Pires
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