Meu filho, meu amor além da vida e da morte

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Vanessa e Vinicius, mãe e filho. Cresceram juntos, ela, aos treze anos, mãe. Um filho, que chega e salva, que chega e muda a trajetória dessa menina/mãe. Um sonho a dois, casa, trabalho, corrida, sonhos sonhados juntos. Um acidente, numa terça-feira, e a vida muda. A dor é tamanha, como se Vanessa estivesse no carro com o filho, como se ela vivesse em uma UTI nesses três anos. Seu lugar de salvação e alento, Gi, a namorada de Vinicius, acolhidas não só na mesma cama mas, no amor de Vinicius, que as trouxe uma para a vida da outra. Esse é o relato de uma mãe, esse é o relato de um amor que ultrapassa a morte.

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“Estamos juntos desde sempre, engravidei aos treze anos de idade, eu sempre o agradeci por ter salvo minha vida, mudado minha história, meu mundo.”

Sou Vanessa Margiota, Mãe do Vinicius Margiota.

Meu único e insubstituível filho, a luz da minha Alma, meu companheiro de vida, de sonhos, de projetos, e de aventuras. Meu complemento de Alma, minha Alma gêmea. Estamos juntos desde sempre, engravidei aos treze anos de idade, eu sempre o agradeci por ter salvo minha vida, mudado minha história, meu mundo. A Chegada dele me transformou na mulher que sou hoje, eu não existiria sem ele. Crescemos e evoluímos juntos.

Sempre fomos um só, éramos só nós dois, um pelo outro, trabalhávamos juntos, moramos sempre juntos, e lutávamos por nossos sonhos juntos, com muita lealdade, cumplicidade, respeito e, acima de tudo, com muito cuidado carinho e Amor um com o outro.

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“Nunca tinha se envolvido em acidentes, mesmo nas corridas tinha muito cuidado para não bater, pois sempre disse, mãe meu medo de bater é você morrer do coração vendo.”

Meu filho, um menino que saiu da periferia, porém trouxe com ele todos os amigos que lá conviveu. Chegou a ser piloto de Stockcar. Dirigia muito bem desde criança, kart, quadri e tudo que fosse motorizado. Sonhava em ser piloto e juntos conquistamos.

Nunca tinha se envolvido em acidentes, mesmo nas corridas tinha muito cuidado para não bater, pois sempre disse, mãe meu medo de bater é você morrer do coração vendo.

Um menino que veio ao mundo com muita luz, sempre pronto a ajudar quem quer que seja, amigos, família ou desconhecidos na rua. Sempre teve um sorriso contagiante, um otimismo e uma alegria dentro de si, que fazia bem a todos, a sua volta, sempre se preocupou com a família e amigos, fazendo o impossível para estarmos sempre unidos, juntos, transformando em uma grande família envolvido com muito Amor.

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“Sinto-me como se estivesse em uma UTI nesses três anos, horas totalmente desacordada, horas totalmente lesada, sem acreditar na realidade.”

Há exatos três anos, uma fatal e absurda tragédia acometeu nossas vidas. Na minha vida, a pior tragédia que a humanidade possa atravessar. Um acidente idiota, uma fatalidade imbecil, levou meu filho. Assim do nada, na hora, fatal. Em uma noite de terça feira, onde eu e seu “filho”, o cachorrinho dele, o esperávamos, como ele nos deixou, um cuidando do outro.

Sinto, como se eu estivesse naquele carro com meu filho, exatamente como estávamos apenas algumas horas antes da tragédia, porém, nesse acidente só eu sai respirando, totalmente contra a minha vontade. Sinto-me como se estivesse em uma UTI nesses três anos, horas totalmente desacordada, horas totalmente lesada, sem acreditar na realidade. Meu corpo físico e meu cérebro, se desligam automaticamente, por não suportar tamanha dor. Não houve vida nesses anos, é como se eu estivesse parada no tempo.

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“E se houve uma pessoa que esteve ao meu lado, nessa UTI, foi ela, a Gigi “a melhor Moada do mundo”, como o Vi sempre disse. E não esteve lá como visita mas, sim, como companheira de quarto.”

É indescritível, não encontro palavras no nosso vocabulário para descrever o que sinto. A dor é tão absurda que me emudece, me paralisa, o corpo não tem forças, não existe ser humano que seja forte o suficiente para suportar tamanha dor, chega a ser sub-humana.
E se houve uma pessoa que esteve ao meu lado, nessa UTI, foi ela, a Gigi “a melhor Moada do mundo”, como o Vi sempre disse. E não esteve lá como visita mas, sim, como companheira de quarto, por inúmeras vezes dividindo a mesma cama, uma forma de nos sentirmos menos sozinhas. Fazendo os mesmos tratamentos, quase que sentindo a mesma dor.

E, assim, estou seguindo, vezes sem acreditar, vezes enlouquecendo ao acreditar. Dia após dia, ou dia após menos um dia, pois é assim que conto os dias hoje. Filho hoje é menos um dia para nos reencontrarmos meu Anjo.

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“Nosso Amor nossa cumplicidade e lealdade, nossos projetos e sonhos, vão além dessa vida, além da carne. Além da morte.”

Nesses anos de sobrevivência, busco absurdamente, terapias, psicólogos, psiquiatras, faço inúmeras terapias e de vários seguimentos, busco elevar minha vibração e espiritualidade. Decidi por conta própria não tomar medicamentos e nem nada que me entorpeça, mesmo com inúmeras indicações, pois em muitos momentos sinto que meu cérebro não irá aguentar. Mas tenho muito medo de sair da realidade, me anestesiar e deixar de sentir.

Nesse tempo li mais de quarenta livros, eu que até meus 37 anos jamais havia tido paciência para ler. Busco entender como é a vida do outro lado, para assim reestabelecer nossa conexão pois, tenho certeza absoluta, ela não terminou. Nosso Amor nossa cumplicidade e lealdade, nossos projetos e sonhos, vão além dessa vida, além da carne. Além da morte.

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“Acredito somente no Amor que nos une, que é imortal, que transcende qualquer distância, dimensão e espaço, que vai além do corpo físico, além da terra e, principalmente, nosso Amor vai além da morte e da vida.”

Descobrimos ainda com o Vi aqui na terra, que já tínhamos vivido juntos em outras existências, por isso tanta conexão. Luto a cada dia pela sobrevivência, como eu sempre disse a ele, uma mãe que perde um filho, só sobrevive. Torna-se impossível viver como antes.

Então tenho que continuar lutando e por Amor ao meu filho por tudo que ele me ensinou por toda sua dedicação e Amor. Pela confiança que temos um no outro eu não desistirei de lutar e sei que onde ele estiver também jamais desistirá.

Assim somos, um, e estamos a todo tempo conectados. Na dor e no Amor.

Acredito somente no Amor que nos une, que é imortal, que transcende qualquer distância, dimensão e espaço, que vai além do corpo físico, além da terra e, principalmente, nosso Amor vai além da morte e da vida.

Te Amo, meu Anjo.

(Autoria: Vanessa Margiota)

@lacoselutos_
@vinicius_margiota
@vanessa_margiota

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