Doce Lili, continuará no balanço da rede, nas rezas e natais, nos pães de queijo, pizzas e macarronadas. Continuará no colo de sua mãe para o lado de dentro. Será procurada pela casa, “te procuro e não te encontro, te sinto e não te vejo, fico querendo te abraçar.” Monica encontrará esse amor, como cabelos que sempre serão soltos para sua pessoa favorita, como uma voz rouquinha que sussurra na imensidão desse amor. Lili fica, para sempre. Assim é, assim deve ser, assim merece ser, para sempre.
“Minha Lili só tinha a metade do coração. Sempre falei para ela que seu coração era especial. Eu costumava falar que via Deus nela todos os dias.”
“Minha filha, Alice Vitória Santana Medeiros, sete aninhos partiu em 04/06/2021. Derrame cerebral.
A Alice era uma criança meiga, educada, gentil, forte, dócil e amava dormir abraçada. Inteligente, preocupada, organizada.
Minha Lili só tinha a metade do coração. Sempre falei para ela que seu coração era especial. Desde quando era bebê, e mesmo passando por quatro grandes cirurgias cardíacas, o sorriso era constante. Irradiava luz e amor. Eu costumava falar que via Deus nela todos os dias.
“Dói lembrar de tudo que passamos no hospital. Vivemos dias sofridos nessa última cirurgia. E isso fica passando na minha cabeça como um filme.”
Amava me ajudar com os afazeres. Amava pão de queijo, pizza e macarronada. Amava elogiar. Eu dizia sempre que ela era meu sol, minha pessoa e ela respondia, “favorita”, né, mamãe.
Dói tanto. Alice adorava vestidos, se perfumar, se arrumar. Rezava o terço todos os dias comigo. Sabia todas as orações. Amava as datas comemorativas, principalmente o aniversário e o Natal. Eu vivi o mais puro e profundo amor. E eu tinha tanta certeza, dentro de mim, que ela conseguiria vencer mais essa cirurgia. Dói lembrar de tudo que passamos no hospital. Vivemos dias sofridos nessa última cirurgia. E isso fica passando na minha cabeça como um filme.
“A casa está vazia. Vazia dos seus sorrisos, dos brinquedos espalhados, da rede posta, esticada. Te procuro e não te encontro. Te sinto e não te vejo.”
Penso em você todos os dias, minha doce Lili. A casa está vazia. Vazia dos seus sorrisos, dos brinquedos espalhados, da rede posta, esticada. Vazia do seu perfume e cheirinho. Te procuro e não te encontro. Te sinto e não te vejo. Fico querendo te abraçar. Meu colo ficou vazio, mas ainda sinto você nele, encaixada em meu ombro. Nosso abraço. Meu colo te encaixava tão bem! Como peças de quebra cabeças.
Sua voz rouquinha ecoa nos meus ouvidos. Na minha mente. Suas risadas. Seu pedido de “me abraça” todas as noites. Você me elogiando quando deixava os meus cabelos soltos. Nossas viagens, tão boas!
“Como sinto, meu amor. É uma dor que sufoca. Me desorienta. Me sinto perdida. O tempo parou. Espalhou amor por onde passou.”
E quando brincávamos de casinha? Nossas conversas olho no olho. Nosso jogo de uno, cara a cara. Como sinto, meu amor. É uma dor que sufoca. Me desorienta. Me sinto perdida. O tempo parou. Você viveu intensamente nesses sete anos. Foi corajosa. Valente. E espalhou amor por onde passou. Isso traz um certo alívio para minha alma que sangra.
“Eu, que dizia que a metade que faltava em seu coração, eu completava. Agora o meu que está só metade.”
Lili teve derrame, mas o coração não parou, aí tivemos que esperar três dias e, aí sim, depois que a peguei no colo, sem vida, e entreguei a Deus, ela partiu.
Seu coração que era incompleto, hoje está completo. Eu, que dizia que a metade que faltava em seu coração, eu completava. Agora o meu que está só metade.”
Muita dor mas, também, muito amor…
(Autoria: Monica Santana Medeiros)
@monica_santanamedeiros
@lacoselutos_